domingo, 13 de dezembro de 2009

ESBARRÕES

Andy Warhol disse que todos teriam, algum dia, direito a quinze minutos de fama. Comecei a calcular meus créditos. Que eu me lembre( e é claro que eu lembro) fui entrevistado UMA vez pelo Heraldo Pereira, no começo dos anos 80. Acho que ele também estava começando, pois a entrevista, que demorou uns 40 minutos, teve uma edição de uns 45 segundos no Fantástico. Foi sobre o mercado de carros usados e novos, assunto que, confesso, entendia muito pouco, mas que agora entendo menos ainda. Sobre o mesmo assunto, na mesma época, fui entrevistado por uma jornalista do Estadão, que rendeu uma matéria de meia pagina, num cadernão qualquer do domingo, na página trocentos e pouco. Considerando que, nessa matéria foram usadas duas ou três citações minhas ( com aspas e tudo) e o tempo de leitura dessas citações deveriam consumir no máximo 2 minutos ( não vale leitura dinâmica!!) , pelo meus cálculos, ainda tenho direito a 12 m e 15 segundos. Bom, a nível nacional, essa foi a minha fraca contribuição com a tese do genial Andy Warhol.

Invertendo o raciocínio e assumindo plenamente minha condição de anônimo, comecei a lembrar dos “esbarrões” que tive acidentalmente com personalidades que tiveram seus “anos” de fama, alguns merecidamente, outros nem tanto, mas que de alguma forma acabaram interagindo comigo, mesmo sabendo que esses esbarrões não tiveram a menor importância na vida dessas personalidades, não mudaram a vida nem a obra de ninguém, nem tiveram conseqüências dignas de nota, em termos de historia ou estoria . Eles simplesmente aconteceram.

Fins dos anos 60. Eu, “Office-boy” da Xerox, recém instalada no Brasil.e que tinha terminado o curso interno de “ Operador Chave da Xerox 914”(com direito a diploma e tudo)fui encarregado pela secretária do gerente, Sebastião Bonfá, de atender um senhor de aparência super distinta, com um calhamaço de papéis a serem copiados. Estranhei, pois o “show room” instalado no suntuoso palacete da Av Angélica, quase esquina com a Paulista, era só para demonstração e vendas, não para atendimento ao publico. Mas como a “ordem” veio de cima, claro, obedeci. E fiquei lá com aquele senhor, obedecendo seus comandos de “ essa aqui não ficou boa, tira de novo”, “faltou uma cópia desta” “ esta aqui ta saindo toda a tinta”mostrando os dedos pretos de toner. E quando o papel atolava, então. Só quem trabalhou com a Xerox 914 sabe do que estou falando. Depois de passar pelo cilindro de selênio(que era caro e frágil prá caramba ) o papel impregnado pelo toner passava por uma espécie de esteira quente, para fixação. Se o papel tivesse uma dobrinha a mais, não estivesse no ângulo correto, ou muito úmido, pronto! Engruvinhava tudo, quase pegava fogo, formava um forfé. Aí toca a abrir a máquina inteira, limpar todo o percurso do papel, passar um pincel próprio, remexer no toner e recomeçar. Esse processo demorou umas duas horas. Depois fiquei sabendo que aqueles documentos faziam parte do preparativo do re-lançamento de um livro, que aconteceria ali mesmo naquele salão do “show room”, com um coquetel para autoridades, personalidades e até nós, funcionários fomos convidados. Lógico que compareci. Matutão de São Roque, nesse coquetel conheci o tal de caviar(que aliás, não gostei). E fiquei sabendo que aquele senhor distinto, cujas mãos e roupas, assim como as minhas ficaram sujas de toner naquela tarde, chamava-se MENOTTI DEL PICCHIA. Roubei umas duas horas da fama dele.

Claro que não parei na “Xerox 914” Outras máquinas foram lançadas, outros cursos eu fiz. A X 2400, a X 3600. E eu acumulando diplomas. E o Sr. Sebastião Bonfá, executivo de vanguarda, também não parava quieto. Ele deve ter gostado do meu desempenho com o escritor, pois logo em seguida fui incumbido da mesma tarefa por mais três vezes.

O primeiro era um gordo que eu conhecia por trabalhar na “ Família Trapo” da TV Record :

Jô Soares. Outro era um compositor de musicas de protesto. Geraldo Vandré. O terceiro era um artista plástico, cuja única obra que eu conhecia estava pendurada lá mesmo no famoso “show-room” da Xerox, com uma dedicatória :

“Ao meu Amigo Sebastião “ Medonho” Bonfá” ,

A assinatura era de Aldemir Martins

Sem duvida, mesmo inconscientemente, devo ter subtraido mais algumas horas de fama de alguém.

Hoje, nem sei se esses palacetes existem( esqueci de falar, eram dois, ligados por uma passarela), mas nunca esqueci que o piso do “show-room” era como um tabuleiro de xadrez, branco e preto. Foi ali que dei meus primeiros lances profissionais. Provavelmente, foi ali que ficou estabelecido que eu jamais seria um Karpov, ou mesmo um Mequinho.

Outros esbarrões aconteceram em outra empresa que trabalhei, por exemplo Doca Street foi meu colega de trabalho, fui apresentante do Adilson “Maguila” Rodrigues na agencia do Banco Itaú da Alameda Nothman (naquela época era necessário um correntista apresentante para se abrir uma conta bancária), almocei várias vezes com Wilson Simonal e Chocolate ( Dorival Silva) no Restaurante do Alemão, da Barão de Limeira, e vários outros artistas, esportistas, amigos do meu patrão.

Desses, o mais emblemático, talvez por não ser “famoso” na época em que o conheci, chamava-se Ubaldo Conrado Augusto Wessel. Ele era o proprietário do imóvel em que estava instalada a loja em que eu trabalhava. E eu levava pessoalmente o cheque do aluguel em sua casa, ali na Barra Funda, além de negociar os reajustes. Eu só sabia que ele era proprietário de dezenas de imóveis comerciais ali na região de Campos Elisios e Barra Funda. Só muito depois vim a saber que ele, de família abastada, químico e apaixonado pela fotografia, inventou e patenteou, em 1921,um papel fotográfico muito superior aos importados e dominou o mercado. Recebeu muitas ofertas de venda de sua patente. Acabou aceitando uma sociedade com a Kodak, que estava muito interessada em sua patente, fundando a Fabrica de Papel Fotográfico Kodak-Wessel , moderna fábrica em São Paulo, e da qual ele só se desligou em 1954, transferindo definitivamente a patente para a Kodak americana.

Sem família ou herdeiros, antes de morrer aos 103 anos de vida, criou a Fundação Conrado Wessel, ( www.fcw.org\br ) que recebeu toda a sua imensa fortuna e, além de apoiar 6 entidades por ele escolhidas, atribui prêmios anuais a entidades ou personagens que se destacam nacionalmente nas áreas de ARTE, CIÊNCIA e CULTURA O escolhido de cada área recebe,além do Troféu, um premio de R$ 150.000,00.

Desse, não subtrai nenhum minuto de fama, mesmo porque, ele não a possuía. Mas, pelo bem que deixou após sua morte, talvez tenha sido a personalidade com a qual eu tenha tido mais prazer em ter esbarrado.

sábado, 24 de outubro de 2009

BONI

BONI 08/01/1994 - 24/10/2009 FOI EMBORA , BONITO E ALTIVO, COMO SEMPRE EM SEUS QUASE 16 ANOS.............

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Mais um poema do meu irmão, Roberto V O Z E S (17) Muita gente não percebe Que o vento também fala E a água que você bebe Só na sua boca cala O tempo? Ah! O tempo Que tem resposta pra tudo Só por isso já se prova Que nem o tempo é mudo O coração então Como fala em cada salto Apesar de achar que não Sempre quer falar mais alto O amor, esse é cego Mas tem uma velha mania Ele fala....... como pode Só por telepatia E quem ainda não tem ciência Da voz que fala tudo inteiro Uns chamam de consciência Outros... De travesseiro E a voz da ignorância Sobre essa nem comento As vezes por tolerância Ouço-a conversar com o vento.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Cine São José - Parte II - Assistindo às reportagens da TV Globo sobre a queda parcial do teto do Cine São José, duas coisas, além da juventude,da beleza e da alergia a pó da repórter( eu estava lá durante a gravação), me chamaram a atenção: Primeiro, o fato dela chamar o Cine Teatro de Cine Clube.Segundo, a insistência em dizer que o, vá lá, Cine "clube" era frequentado pela " elite" de São Roque. Vixe!! Vasquinho deve ter se remexido, lá onde ele está. Claro que a "elite", seja qual for o enfoque que se queira dar a essa classificação social, também freqüentava, mas poucos espaços culturais eram mais democráticos e abertos a todos do que o Cine São José. Quem não se lembra do "destaque" que saia nos anúncios do Democrata, quando da exibição dos filmes mais, digamos, novos, e que dizia mais o menos o seguinte: "Devido o filme ser lançado à percentagem, ficam suspensas as permanentes e entradas de favor". Juro que eu, do alto do meus parcos anos, nem sabia o que queria dizer isso, mas essa regra, Vasco nunca obedeceu. Uma grande parcela da platéia sempre era formada por " não pagantes" que pensávamos estar entrando "de favor".Na realidade,estávamos saciando o grande prazer de Vasco em ver o cinema lotado, com as pessoas se divertindo, nunca se importando muito com a renda da bilheteria, para desespero do "Seu" Celso e "Seu" Demerval. Para ele, uma poltrona vazia era um desperdício de cultura. Pensando bem, a citada repórter( eu já falei que ela era bonita?)não errou tanto assim no nome do cinema, não.Desde a pipoca da Dona Leocádia na porta, passando pela groselha e balas da Iris, não sem antes passar pelo crivo do Zé Coco na portaria, aquilo realmente era um clube. Um Clube Social, onde, sincreticamente, conviveram todas as elites possíveis e imagináveis de São Roque.Talvez a repórter não tenha captado essa magia.Não é culkpa dela. Essa compreensão,provavelmente está reservada a nós,sanroquenses natos ou por adoção, que tivemos o grande privilégio de vivenciar essa época. Mas que a repórter é bonita, é.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

PARA IRIS BARIONI (20)

Cada raio de sol,

Uma esperança,

Cada partícula solta no ar

Multiplicada em amor,

Cada célula viva

Magnetizando a paixão

Que devemos ter

Que devemos ser.

Cada obra de Deus

Refletida no espelho eterno da sabedoria

Tudo o que nossa infinita capacidade

Nos proporciona fazer e não sabemos como.

Só você sabe fazer de cada um de nós, um todo,

Para que exista um todo, em cada um de nós.

( Roberto Ribeiro Lopes)

 
 
14 de setembro de 2009 – Hoje fazem cinco meses
que Vasquinho, que foi, é e sempre será uma das
figuras mais importantes da vida cultural desta
cidade,nos deixou. Hoje ,exatamente hoje, o Cine
Teatro São José,ícone maior de suas realizações,
nos mostrou o quanto está ferido, o quanto precisa
de ajuda. Andando sobre os escombros da parte do
telhado que caiu, fiquei imaginando o que Vasco
faria nessa hora, quais as providências que
tomaria, e principalmente, como seu espírito,
sempre otimista, confiante e empreendedor,
reagiria ao sentir que os sonhos, por mais
sólidos e realizados que possam parecer,se
não cuidados, também podem ter um fim.
Realmente, não encontrei nenhuma resposta.
Dizem que, quando estamos em situações extremas,
um filme passa-se em nossas cabeças.
E justo ali, onde assisti a centenas deles,
as imagens começaram a rolar. Mas não na tela,
gigantesca na minha infância, hoje nem tão
grande assim, mas nas poltronas,
nas paredes, no teto, hoje tristemente mutilado,
imaginando, inicialmente em branco e preto,
depois em “fulgurante Technicolor”, cada tijolo,
telha, sendo colocado com suor, sangue até
e principalmente com muito carinho. Nessas
imagens não havia nenhum ator famoso,
nenhum ganhou o Oscar, nem menções em
revistas glamorosas. Dirigida por Vasco,
foi a comunidade sanroquense que ergueu o
cinema, como ele sempre fez questão de
enfatizar e agradecer. E assim,
nas filas, salas de espera, poltronas,
nos bares internos( sim, eram dois, lembram-se?),
assimilando costumes, crescendo culturalmente,
conhecendo-se, interagindo, a vida desta
comunidade, imitando a arte, com suas paixões,
romances, aventuras, tristezas e
alegrias foi moldada.
 
Acho que não preciso explicar porque comecei
este “post” com um poema que “emprestei” do meu
irmão Roberto, dedicado a Tia Iris, uma das
pessoas fundamentais para a história do
Cine S.José. Acho que só ela pode explicar
onde encontrou forças para acompanhar e apoiar,
desde o inicio,desde o planejamento, as
idéias malucas de seu irmão Vasco.
Só ela para lembrar, não se descuidando
mesmo hoje, de fazer o café, o almoço, de por
a mesa para as visitas.      
Repetindo Roberto : 
 

Só você sabe fazer de cada um de nós, um todo,

Para que exista um todo, em cada um de nós.”

 
 
                                                                                                         

Niney

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

DE : niney@globo.com PARA : rurilo@ceu.com.br C/C todos meus contatos Pai, sei que esse não é seu e-mail. Aliás, tenho certeza que o senhor nem mesmo e-mail tem. Fico imaginando o senhor diante de um micro, teclando mensagens, pensamentos, preparando aulas, se conectando ao YouTube. Não, não ia dar certo. A informática não combinaria com o Sr. Suas conexões, sempre foram pessoalmente, muito mais diretas, e acima de tudo, sinceras e honestas, fossem através de suas poesias, seus artigos nos jornais, nas várias mesas de vários bares, nas reuniões com amigos ,nas ruas, praças e esquinas de tantas cidades quanto moramos. Mas principalmente e o mais importante, foram as lições que o educador deixou a seus pupilos. Apesar do nosso parco convívio, algumas dessas lições acabaram respingando em mim e tenho certeza, em meus irmãos também. Até hoje encontro pessoas que se lembram do “ Professor Ruy” com respeito, com deferência, contando detalhes de sua memória mnemônica prodigiosa e sua inteligência fantástica. Hoje já são pais, mães, avós e até bisavós que não conseguem segurar uma lágrima ao lembrar os ensinamentos do velho mestre Ruy. Triste e infelizmente constato, esses já estão rareando. Estão partindo, exatamente como o senhor fez, pra mim abruptamente,para outros, nem tanto, 48 anos atrás. Hoje sou pai e marido. Faço parte de uma família. Tenho e-mail. Pela manhã, às vezes, não consigo decifrar o espelho do meu banheiro. Mas não temo, pois sei que “esse” espelho não vai se quebrar.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

" Niney, já há algum tempo estou me informando cada vez menos por jornais, mas ainda acho que uma leitura crítica vai bem para a formação da nossa opinião enquanto não encontramos maneiras mais confiáveis de obter informação. Tanto seus e-mails quantos seus artigos no blog esbarram na irresponsabilidade ao construir idéias críticas levianas que não param em pé com um mínimo de confrontamento com a realidade mais palpável. De resto, as memórias afetivas descritas por ti são deliciosas e esclarecedoras de um tempo que não conheci nesta cidade que amo por opção."

O texto acima é um pequeno trecho de um e-mail(enorme) que vem sendo trocado por um grupo grande de amigos há bastante tempo, e como sou o citado, tomei a liberdade de reproduzi-lo aqui. Ele ficou bravo porque eu, no e-mail anterior trocado por esse grupo, fiz comentários nada abonadores sobre a família Sarney, e de quebra incluí nosso amado guru Lula e seus “ blue-caps”.

Aliás, minha revolta era dirigida “só” para os políticos desonestos, sejam eles de direita, de esquerda, de qualquer credo. nacionalidade, cor e de TODAS as épocas, passadas, presentes e futuras.

O autor é um grande amigo, não de longa data, (já que ele é muito novo, mas vamos chegar lá) que,reconheço,tinha razão. (aproveito para mandar um grande abraço)

Desde o começo desconfiei das denuncias dos jornais sobre o José Sarney. Ainda mais quando li vi e ouvi o Presidente Lula afirmar que o "presidente Sarney não pode ser tratado como um cidadão comum". Realmente, essa declaração pode ser inserida nos anais das “Reflexões mais Democráticas da História”.

A comissão de ética do senado arquivou todos os processos ( 11) contra o Senador. Sem dúvida eram só acusações "levianas, que não pararam em pé diante da realidade mais palpável".Ou Lulável, só prá rimar. Ele é inocente!!! As falcatruas não existiram, foram só frutos da mídia invejosa,maquiavélica, que queria prejudicar os operosos e mal remunerados funcionários do senado, que só por coincidência, tinham algum longínquo laço de parentesco com o Presidente da Casa. E daí que os atos de nomeação foram secretos? Vocês queriam aumentar os custos da Gráfica do Senado ( cuja verba é limitadíssima) com essas publicações sem importância?

Prometo, de agora em diante, não mais falar mal desses honoráveis e sacrificados representantes do povo. Vou parar de ler jornais e de ver TV e formar minha opinião ouvindo o edificante e informativo programa " Café com o Presidente".

Estou louco para saber o veredicto dele sobre o comportamento do Mercadante, do Delcidio e outros menos votados e principalmente sobre a saída da Marina e do Arns do PT. Se prepare, Dilma.

 

segunda-feira, 13 de julho de 2009

SE EU QUISER FALAR COM DEUS (Releitura) "Se Deus, comigo quiser falar Estarei sempre a sós Se Ele quiser, apagarei a luz, E calarei a minha voz A paz, é o que eu quero encontrar. Dos sapatos, da gravata, dos desejos, dos receios, os nós folgarei. Não me interessa a data, a conta esquecerei, e minhas mãos, vazias estarão. Minha alma e corpo, nus. Se Deus comigo, quiser falar. Aceitarei a dor, comerei o pão que o diabo amassou. Se preciso for, um cão virarei e lamberei o chão dos palácios, dos castelos suntuosos dos meus sonhos E me verei tristonho e medonho. E apesar desse mal tamanho, Alegrarei meu coração Se Deus comigo quiser falar, me aventurarei, aos céus subirei, mesmo sem cordas pra me segurar. Direi adeus, darei as costas e caminharei decidido pela estrada, mesmo sabendo que ao findar dará em nada, do que eu pensava encontrar" Eu não sei se peço perdão ao Gil, por ter ousado mexer com sua maravilhosa canção, ou a Deus, por estar tão revoltado. Bem, no final não interessa. Nenhum dos dois vai se importar comigo mesmo......

terça-feira, 7 de julho de 2009

FUNERAL DE UM LAVRADOR

Composição: Chico Buarque de Hollanda / João Cabral de Mello Neto

Esta cova em que estás com palmos medida É a conta menor que tiraste em vida É de bom tamanho nem largo nem fundo É a parte que te cabe deste latifúndio Não é cova grande, é cova medida É a terra que querias ver dividida É uma cova grande pra teu pouco defunto Mas estás mais ancho que estavas no mundo É uma cova grande pra teu defunto parco Porém mais que no mundo te sentirás largo É uma cova grande pra tua carne pouca Mas a terra dada, não se abre a boca É a conta menor que tiraste em vida É a parte que te cabe deste latifúndio É a terra que querias ver dividida Estarás mais ancho que estavas no mundo Mas a terra dada, não se abre a boca.

“SEGURANÇA PARA FUNERAL DE JACKSON SERÁ SUPERIOR AOS DOS JOGOS OLIMPICOS DE 1984”

Conhecido como o "rei do pop", Michael Jackson morreu no dia 25 de junho, após ser socorrido e levado a um hospital de Los Angeles com uma parada cardíaca. Ele tinha 50 anos e estava preparando uma extensa temporada de shows batizada de "This is it".

No dia 7 de julho, artistas como Stevie Wonder e Mariah Carey, além de astros do basquete, fãs e familiares do astro, se reuniram no Staples Center para uma cerimônia de despedida.

“Ingressos para funeral de Michael já são vendidos pela Internet”

“Transmissão dos funerais de Micahel batem recordes na Internet”

Uma imagem hoje veio à minha cabeça. Acho que todo mundo já viu pela Internet. As fotos tiradas em março de 1993, por Kevin Carter, fotógrafo sul africano. Essas imagens, que retratam uma criança subnutrida se arrastando por um campo de refugiados no Sudão, acompanhado pacientemente por um abutre, aguardando a hora do ataque. Supostamente, ninguém viu o desfecho da cena, que se arrastou por mais de 20 minutos. Esse é o funeral que ninguém quer ver. Dois meses após ganhar o Pulitzer por essa foto, o fotógrafo comete o suicídio. Aos 33 anos de vida.

Pelas leis de Deus e pelas leis dos homens, nós somos todos iguais, do nascimento até a morte. É. Quase. Parece que alguns são mais iguais que outros......

MAS A TERRA DADA, NÃO SE ABRE A BOCA

sexta-feira, 26 de junho de 2009

RESOLUÇÕES DE FIM DE ANO, no meio do ano É costume, em todo o mundo, tomar resoluções pessoais para o ano que se inicia. São promessas sobre um novo modo de vida, resgatar sonhos, amores, esquecer desilusões, e principalmente, tomar atitudes. Engordar ou emagrecer, enriquecer ou distribuir sua própria fortuna , praticar o bem, pagar aquela dívida antiga, parar de fumar e beber, ir à igreja, respeitar pelo menos metade dos 10 mandamentos, etc. Bom, eu, particularmente, dia 31 de dezembro passado, também tomei uma resolução. Uma só. Como a lista era muito grande, prometi que aguardaria um tempo, só pra ver como seria esse ano novo, antes de tomar qualquer resolução sobre o mesmo. Sabe como é que é. Quando o jogo é no campo do adversário é melhor tentar conhecer o terreno em que se pisa. Agora, passados quase seis meses, posso assumir o encargo de tomar uma posição mais realista e, claro, com uma menor margem de erro. (malandro eu, né!) Não, não parei de fumar nem de beber. Não engordei, não enriqueci, muito menos distribui minha fortuna, talvez até por não tê-la. Aliás, acho que vou começar a correr atrás do meu 2.o milhão de dólares. Já que em 58 anos não consegui o primeiro milhãozinho, desisti. Talvez o segundo milhão seja mais fácil. Dívidas monetárias antigas, felizmente posso dizer que não as tenho. Recentes, de monte, mas sob controle. As dívidas que terei que chamar de “espirituais” por falta de outro termo, reconheço não só tê-las aos montes, como me declaro inadimplente e impossibilitado de quitá-las. Espero que meus “credores espirituais” me amem, assim como eu os amo e muito. Pensando bem, acho que até andei praticando o bem nesse comecinho de ano. Unzinho aqui, outro ali, sabe como é que é. Nenhum digno do Nobel da Paz, mas acho que dá pra quebrar o galho. Passei várias vezes pela Praça da Matriz. Por ignorância ou por não sabê-los de cor, não sei quais, nem quantas vezes com certeza infrigi os Dez Mandamentos. Mas o meu “Um Mandamento” posso afirmar que não infringi nesse meio ano, e até por ser mais fácil de decorar, prometo continuar a seguir na próxima metade do ano : 1.o Mandamento (e Único) : SE NÃO CONSEGUIR FAZER O BEM, TENTE PELO MENOS NÃO FAZER O MAL ÀS PESSOAS, AOS ANIMAIS E À NATUREZA ! Não precisa escrever com fogo na pedra, não. É só guardar na consciência. Niney

sexta-feira, 5 de junho de 2009

JOSÉ BONIFÁCIO RISSO RIBEIRO LOPES - BONI 2º. Hoje, tive uma conversa séria com o cidadão acima. Me chamou a atenção a preocupação dele de, primeiro, agradecer a todos nós pelo carinho que dedicamos a ele durante esses anos todos. Agradeceu até às doses de insulina que lhe aplicamos diariamente, reconhecendo que, apesar de dolorosas, são indispensáveis à sua qualidade de vida. Falou que adora o “ossinho” probiotico que ganha, juntamente com as frutas após essas aplicações. Disse que idolatra as várias “camas” que tem pela casa( na prática, quase todas) e os cobertores e edredons que esquentam sua velhice no inverno e até mesmo no verão. Isso sem falar nos almoços, jantares e lanchinhos, com comidas especiais, sem sal nem tempero. Mas feitas com muito amor, especialmente para ele. Em segundo lugar, se preocupou em pedir desculpas pelas ranzizices e mordidas aleatórias que distribuiu ao longo dos anos, justamente a nós, que o cobrimos de carinho e amor. Confessou arrependimento pelos “xixizes” e “cocozes” que espalhou fartamente pela casa, nem sempre em horários e/ou lugares próprios. Alegou, com toda a razão, que ele também tem suas fraquezas e momentos de depressão, angustia, dor. Assim como nós, os ditos seres humanos. Ele não mencionou e nobremente, nem levou em consideração as muitas vezes que nós descarregamos nossa fúria e frustrações em cima dele. E por fim, se declarou feliz. Feliz e agradecido, por termos escolhido ele, entre outros irmãozinhos, para fazer parte desta família. Não consegui captar se ele sabe que está chegando na curva do rio, mas tive certeza que até chegar lá, quer que nós estejamos ao seu lado. Deixou bem claro que a nossa presença é fundamental para ele. Como vocês devem ter reparado, não foi uma conversa não, foi só um monólogo. Justamente ele, que não fala, foi o único a falar. Mas é que ele sabe se expressar muito bem. Ele só precisa de um “ouvinte” atento, com sensibilidade para captar sentimentos nos seus menores movimentos, num olhar, em um ganido ou rosnar. E nem sempre nós estamos preparados para “ouvir” essas pequenas declarações. Nossos problemas, imaginamos , são muito grandes e importantes e não podemos perder tempo com essas baboseiras. Só me restou dar-lhe um abraço. Eu, como animal racional, não tive palavras para agradecer o fato de ele ainda estar conosco. Mas para ele, animal irracional, as palavras não fazem diferença. O que realmente importa é o sentimento e o amor. E isso ele sabe dar, mesmo que nem sempre receba de volta.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

EU NASCI, HÁ 58 ANOS ATRÁS É, parece que foi ontem. Aliás, foi ontem mesmo. Só que passaram-se 58 anos desde então. E não tem nada neste mundo que eu não saiba demais. Ou de menos. Melhor ainda, eu não sei é nada. O pouco que sei, são lembranças, de quando, impúbere,( oba! Outra palavra rara de se usar) não via a hora de chegar aos 18 anos. Ah! Carteira de motorista, filmes pornôs, liberdade! Liberdade! Abre as asas sobre nós, mesmo que menores de idade. Acompanhar os irmãos e amigos mais velhos nos bailes da vida, ainda que em troca de pão. E não é que essa hora chegou? Chegou, “libertas quae será tamem”. Vieram os filmes proibidos, os bares da vida. Até a carteira de motorista, embora essa tenha demorado um pouquinho mais. E junto com os bonus, rapidinho, chegaram os ônus. Ce pediu? Guenta!!! Mas ta bom também. Agora com 58, não vejo a hora de fazer 60!! É verdade!. O sonhos e objetivos são diferentes, mas só quem é dessa faixa etária sabe como é duro “vagar nesse limbo da idade”. Por exemplo, a devolução do I.Renda. Quem tem mais de 60 recebe no primeiro lote.Nós não. Filas em Bancos, supermercados, repartições públicas, lojas,etc. Atendimento preferencial p/ quem tem mais de 60.Nós, filas comuns. Ônibus, não precisa pagar, desde que com mais de 60. Tem até um estatuto dos direitos do idoso! Legal. Eles merecem, pelo tanto que já fizeram pela humanidade. Por falar em estatuto, tem o do Menor e Adolescente. Legal também. A expectativa e esperança, é que façam mais ainda por essa mesma humanidade. Não pode ser preso(apesar de alguns até poderem votar). Tem direito à educação, alimentação, saúde, amparo do Estado( que,claro, nem sempre corresponde). As crianças desde zero ano tem campanhas de vacinação o ano inteiro, seja a tríplice,sarampo,catapora,BCG, etc. Após os 60 anos, de gripe. E nós, no meio de campo, não temos direito nem a uma injençãozinha grátis! E arrumar um emprego, então? “Suas qualificações estão muito acima do desejável”. É verdade! Nós não somos contratados por que temos muita experiência! Daqui a dois anos, pretendo pegar um ônibus sem pagar, furar a fila no Banco e no supermercado, dar uma passadinha no Posto de Saúde e ver qual vacina tenho direito a tomar. A menos que alguma autoridade institua o Estatuto do “Envelhescente”, com todos os direitos acima. Aí, eu perco a pressa.

domingo, 17 de maio de 2009

SOLIDARIEDADE Tenho acompanhado pelos noticiários da TV, o drama dos nortistas e nordestinos com as inundações que ainda estão ocorrendo e, segundo as previsões, vão continuar por pelo menos mais um mês. Casas inundadas, falta de água, plantações arruinadas, muitas mortes, milhares de desabrigados. Como toda tragédia, é triste ver como o ser humano é frágil diante dessas ocorrência naturais. Recentemente, essa mesma tragédia vitimou nossos irmãos de Santa Catarina. Não estou afirmando nada, mas, comparando, de memória, nossa solidariedade nas duas ocasiões, me parece que fomos mais solidários com os sulistas do que com os atuais flagelados. Não quero crer que o poder aquisitivo, tenha influenciado nas campanhas das TVs, rádios, jornais, ONGs, igrejas, etc. Mas que ocupam menos espaços na mídia, não tenho dúvida. Desta vez, não estou sabendo de nenhum posto de arrecadação aqui em São Roque, por exemplo. Na outra tragédia, eram vários e com divulgação eficiente. Também não quero crer que nossa solidariedade seja influenciada pela cor da pele, dos olhos ou dos cabelos. Seria muito decepcionante. Que, flagelados moradores de residências de alvenaria, com carros na garagem, mais “parecidos” conosco, sejam mais necessitados que os sem-carro, com casas de pau a pique. Seria injusto. Continuo não afirmando absolutamente nada, mas que fiquei com essa impressão, fiquei. E isso me incomoda muito. E a você?

quarta-feira, 13 de maio de 2009

ruaprofjoaquimdeoliveira

“Rua Prof Joaquim de Oliveira, 54. – Parte II

O Autódromo de Interlagos

Para nossa sorte, o Autódromo de Interlagos era ali, a uma quadra da nossa casa. Lamborguinis, Ferraris, Masseratis, Alfas, roncavam seus motores, tendo ao volante mitos como Fangio, Chico Landi, Piero Gancia, Bird Clemente.

A “pista” era a ladeira da Duque de Caxias, de paralelepípedo( oba! Eu prometi a mim mesmo, que antes de morrer, teria que usar essa palavra no meu blog! Veja só :

P A R A L E L E P I P E DO !!! Quase ocupou uma linha inteira!Bonita palavra, ? )

Os “bólidos” citados, nobres carrinhos de rolimã ( vocês não imaginam como era difícil arrumar um rolimãzinho naquela época, quando São Roque inteira devia ter meia dúzia de carros). Às vezes, descíamos a ladeira dentro de um pneu velho mesmo. Mas o que valia era a nossa fantasia. Nós estávamos em Interlagos, pilotando as máquinas possantes da nossa imaginação. Nós éramos os mitos famosos, que conhecíamos em preto e branco pelas telas do Cine São José, através dos noticiários do famoso Canal 100 ou do Jean Manzon, com semanas de atraso.

No fim da etapa automobilística, tome Iodo e Mercúrio cromo. E bronca pelos estragos no “uniforme”. Principalmente quando o freio principal falhava e éramos obrigados a usar o freio de emergência ( os sapatos ou Kédis de ir à missa e à escola, não necessariamente nessa ordem, as quais aliás, não frequentávamos tão assiduamente assim como vocês estão pensando).

Noitinha chegando, banhos (às vezes) e broncas(sempre) devidamente tomadas, tínhamos todos um compromisso sagrado, inadiável: Reunião na Praça da Apoteose. Eu não tinha contado que morávamos perto da Praça da Apoteose? Desculpe. Esqueci. Pois é. Hoje passo por ela, e sinto um aperto ao descobrir que assim como a ladeira da Rua Duque de Caxias deixou de ser o Autódromo de Interlagos, ela também retomou seu verdadeiro nome: Praça dos Expedicionários.

Ali, enquanto Praça da Apoteose, muitas ações cruciais foram decididas, muitos destinos foram traçados, muitos segredos foram revelados, o caráter de muita gente foi forjado.

A pauta de toda noite, apesar de única, gerava o maior tumulto:

“O que nós vamos fazer hoje?”

Essa era a pauta. Simples.

O problema eram as opções, inúmeras e polêmicas.

“Vamos fazer um torneio de Futebol aqui mesmo”

“Vamos brincar de Policia e Ladrão valendo a cidade inteira”

“Ta passando um filme legal”

“Que tal brincar de “mãe da rua” ou “passa anel”?

“Vamos roubar uva do Seu Salomão”!

“ Vamos $%## ¨ lá na &)(9++=-e depois @!1% é uma brasa, mora&¨_+== aí nós @!”¨&&&&(((_)))_+++++ legal pra caramba+++¨¨##+++ @@@ “ e voltamos logo em seguida”

(esta opção, a mais longa, eloquente e atrativa de todas, foi devidamente censurada, em respeito aos eventuais, mesmo que improváveis leitores pudicos, seguidores dos bons costumes sociais, temente às leis dos homens e dos ditames religiosos mais puros.)

Continua, talvez na próxima semana, talvez neste mesmo horário, talvez neste mesmo blog. Aguardem.

terça-feira, 12 de maio de 2009

RUA PROFESSOR JOAQUIM DE OLIVEIRA,54 – PARTE I Você conhece. Não? Deveria ter conhecido. Foi onde morei, e curti meus anos mágicos, aqueles, dos 8 aos 16. Faz muito tempo?Faz. Era bom? Sem duvida, era. Para se ter uma idéia, nós tínhamos, eu e meus irmãos, uma pista de patinação nas modalidades “meias” e “joelhos” dentro de casa!Era só esperar as irmãs encerarem a casa(Parquetina, manja?) e espalharem um monte de jornais para começar o esporte. Que se tornava mais radical ainda, quando as citadas irmãs corriam atrás de nós com a cinta. Isso sem falar no “Pacaembu”, a mesa de fórmica da cozinha, que entre uma refeição e outra, servia de palco para memoráveis partidas de futebol de botão, onde duelavam, entre outros, Poy, Del Vecchio, Pelé, Coutinho, Ademir da Guia, Benê, Gilmar, Laércio. Às vezes quebrava aquela hastezinha de metal dos goleiros, que imediatamente eram substituídos por estáticas, porém não menos nobres, caixinhas de fósforos, que até realizavam excelentes defesas. No nosso quintal, imagine, tínhamos um zoológico particular! Além de, claro, um cachorro de plantão. Diana, uma cadela que para nós era mais bonita que a Lassie, apesar de dividir nosso carinho e afeto com outra família(passava uma semana na nossa casa, outra na Rua Rosina de Oliveira). Acho que confundia os sobrenomes das ruas. Por falar em sobrenomes, outro peludo de 4 patas que nos marcou muito foi o Tisiu. Foi preso! Meliante! Desocupado! Um autêntico sem-coleira! Quede o PT? Ah, ainda não existia. Levado pela carrocinha! No nosso imaginário (ou na realidade,não sei) iria se transformar em sabão! Para nós, nessa época, o laçador da carrocinha era o pior malfeitor que existia. Pior que o Meneghetti, o Bandido da Luz Vermelha,o Lobo Mau,os irmãos Metralhas, o Chico Picadinho, Caryl Chessmann. Não existia coisa mais maléfica do que tirar um cachorrinho do convívio familiar e transforma-lo numa barra de sabão! Acho que ainda não existe. E lá se foi a comitiva, chorar na frente da Prefeitura ( que era ali na Praça da Matriz). Amigos,parentes,vizinhos, o time inteiro do Carambeí e demais curiosos. Roberto, meu irmão que além de mais velho, era mais chorão, assume a negociação: O fornecedor de matéria prima para sabão pergunta: “Qual o nome do seu cachorro?” Roberto , entre soluços ( cun cun cun cun) responde: “Tisiu Ribeiro Lopes” Não deu outra.O “cowboy” canino, chorando de rir, deu o “hábeas corpus” pro Tisiu sem cobrar a taxa. A Justiça é cega, mas às vezes, tem senso de humor. Essa estória não vai parar por aqui. “Prof. Joaquim de Oliveira,54- Parte II – O Autódromo” vem por aí.

Yeshua (ישוע)

O coração, mesmo artificial, não é imune às muitas aflições que nos devoram.

E, impunemente não vive dois milênios.

A flor, dardejando pelos ares encontra um corpo plástico.

Morre, e apodrece.

É seu destino.

Abre-se uma janela, procura-se uma luz.

O corpo busca o que estava escrito.

E escrito estava que voltaria.

E por escrito estava que voltaria, volta, encontrando a liberdade, de cimento feita, o sangue, ácido tornando-se.

A cruz, antes fosse de isopor, o espinho, se frágil fosse.

A lança dilacera, machuca, fere, macera, apesar de na ponta ter uma flor.

A liberdade, acaba sendo vã.

A flor, podre nasceu, sem nascer morreu.

A carne é plástica, elástica, mas ainda vive.

O corpo ama, sem amor.

Sofre sem dor.

Morre, quando nunca teve vida.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

QUIPROQUO

Resumindo, o qüiproquó começou com um e-mail com o título “HERANÇA DO DEPUTADO CLODOVIL HERNANDES”.

Acho que todo mundo já o recebeu (o e-mail, não o falecido nobre parlamentar)

Falava sobre um suposto projeto do estilista, duble de deputado, e desafeto do “Pânico na TV”, no qual seriam extintas mais ou menos 50% das vagas dos atuais deputados federais, e trazia até alguns cálculos sobre a provável economia conseguida com essa medida.

Como é típico na Internet, a coisa cresceu, com mensagens de todos os calibres. Colocações, ataques, defesas, um belo poema de LAO TZU(?????), do século IV a. C (faz tempo pacas!!!) .......e até sugestões bem humoradas sobre onde o tal de Clô deveria enfiar sua herança..... O que, afinal, ele até acharia prazeiroso.

O importante de tudo isso é a participação dessa galera toda, que é pelo menos duas gerações mais novas do que a minha e do “provocador” (né, “seu” Zé Haroldo?)

Vou destacar uma pequena passagem de uma dessas mensagens, primeiro porque ela é importantíssima, segundo porque respeito e admiro muito a inteligência e a compreensão que esse cara tem do mundo.

Nós reclamamos do Presidente, dos Senadores, dos Deputados Federais, dos Deputados Estaduais, do Governador, mas esquecemos que nossa cidade tem Prefeito e Vereadores e que a cidade é a base do sistema político brasileiro e é neste ponto que podemos fazer alguma coisa, alguma diferença.

Os interesses políticos estão interligados por elos que se originam nas mais baixas classes políticas, e nesse caso digo “baixas” como sendo básicas, de base, a política municipal. Alguém há de dizer que a referida baixeza está no caráter dos políticos, mas nesse caso isso não seria exclusividade dos Vereadores. Continuando, os Vereadores apóiam os Prefeitos; ambos apóiam seus Deputados; os quais apóiam os Governadores; e assim sucessivamente.

Então, para que as escolhas e interesses políticos estejam vinculadas aos reais interesses do povo representado, é necessário que os representantes municipais tenham esse comprometimento, pois os problemas estão nas cidades.

Sempre dei muita importância a essa participação, a qual você, Juninho, nos cobra. Minha pergunta, especialmente dirigida a você, que conhece a máquina municipal como poucos: Quais são os canais abertos para, por exemplo, um cidadão expor suas idéias?

Por exemplo, que os pontos de táxi de nossa cidade deveriam ser distribuídos geograficamente pela cidade e não serem praticamente todos localizados a 100 metros ou menos, uns dos outros? Por que não tem um no Cambará, um na Vila Aguiar (no Terminal Rodoviário tem unzinho rotativo, ou seja, só os táxis de Mailasque, Araçá. MK, quando trazem alguém, param lá), um na Santa Quitéria, etc?

Sem dúvida, decisão política, não necessariamente visando o bem do povo. Diga isso para um nobre edil. Ele jamais levaria adiante. Nós sabemos. Ele estaria colocando sua re-eleição(não sei se tem essa p... de hífen ainda) em risco. Os taxistas não votariam mais nele. Sugira uma lei de tolerância zero para as calçadas irregulares.(aquelas de até 1 metro de desnível, degraus, estacionamentos de lojas, supermercados,etc.) Perdeu mais eleitores.

Que tal regulamentar ou melhor ainda, PROIBIR o livre transito de cavalos, charretes, carroças pelo centro? Inclusive as trocentas romarias que hoje existem em SRoque. Quais são os critérios adotados para que várias avenidas, ruas e praças sejam interditadas, trajetos de ônibus sejam mudados, viaturas da Guarda Municipal alocadas, ambulâncias, caminhões de socorro mobilizados, para que 10 ou vinte “romeiros” atravessem toda a cidade, soltando fogos de artifício às 6 hs da manhã, fazendo vários “pit stops” nos bares para saciar sua sede, devidamente paramentados com suas vistosas vestimentas tipo “cow-boy”, enquanto suas montarias ( que na impossibilidade de soltar fogos de artifícios, soltam outras cositas mas) aguardam, sedentas, cansadas, amarradas no poste mais próximo? Viraria inimigo mortal dos fiéis romeiros.

Vamos extinguir a Zona Azul nas ruas que não comportam o fluxo de tráfego?

Existe alguma regulamentação sobre a publicidade exagerada, tanto através dos carros de som, verdadeiros martírios para nossos ouvidos, e a propaganda impressa, que além de atolar nossas caixas de correio, riscar os vidros de nossos carros, emporcalham nossas ruas e entopem nosso já precário sistema de esgoto? Se essa regulamentação existe, é deficiente, ou não é aplicada. Cada um faz o que quer.

Realmente, os problemas não só estão nas cidade, como eles começam nas cidades. E as cidades são formadas por cidadãos que deveriam saber escolher seus representantes, aqueles que fossem focados para RESOLVER os problemas reais de sua cidade, e não se preocupassem tanto em fazer política com “p” minúsculo, com suas indicações de nomes de ruas, moções e congratulações, placas comemorativas, acompanhamento de enterros e distribuição de camisas de futebol.

Alguém aí se propõe?

terça-feira, 21 de abril de 2009

BOLSAS, BOLSINHAS E ....BOLSAS GRANDES !!!!

Recentemente, veio à tona mais um “pequeno deslize” de nossos parlamentares. (oh! meu Deus! Fingirei surpresa!!!! ) : Isso não é normal !!!!! O que teria ocorrido com nossos probos representantes no Congresso Nacional?!!??? Justamente eles que estão lá apenas para servir ao povo (os 179.999.000 otários)que os elegeu , com dignidade, sacrifício e denodo, acabaram “decolando” na maionese.

Quer dizer que existe também o programa Bolsa-avião? Além do auxílio paletó, auxilio moradia, plano de saúde com uma unidade avançada do INCOR, verba de representação, verba de manutenção do gabinete em Brasília alem de outro em seu estado de origem, barbeiro, refeição, roupa lavada, cama mesa e banho? E o salário, ÓÓÓÓ, é grande pra cacete, meu.

O senador Garibaldi Alves autorizou a transferência da cota NÃO UTILIZADA da verba de passagens (118 mil reais) do senador Jefferson Peres para a viúva deste!!!!!! P que o P ....!!! É gozação. O cara tem uma verba para utilizar a serviço, morre e obviamente não prestou o tal de serviço, e a viúva tem direito a engordar a sua conta bancária por isso !!!! Tenho certeza que o excelente J.Peres, um dos melhores políticos que este país já teve, deve ter se revirado na tumba. Ele seria o primeiro a se levantar contra esse absurdo. Agora, que poder tem esse Garibaldi para pegar o meu, o seu, o nosso suado dinheirinho, ou melhor, dinheirão( 118 mil), e com uma canetada transferi-lo para quem quer que seja? Pombas. Aquilo lá virou zona? Antes tivesse virado. Seria mais respeitável. Pelo menos teria regras mais claras e rígidas.

No Brasil criou-se uma cultura de “benefícios” com a qual nunca concordei. Sou contra os “vale-transporte”,“vale-refeição”,vale-alimentação”, “cesta-básica”, e outros que-tais. Acho isso tudo um paternalismo inócuo. Nunca gostei da idéia de receber uma cesta-básica, na qual o meu patrão é que decidiu que marca de café eu vou tomar, qual leite em pó é melhor para meus filhos, o tipo de arroz que devemos comer , a bolacha que iremos gostar, a farinha de milho que temos que engolir. E o pior, a quantidade de cada um desses itens! Na sua casa ninguém gosta de fubá? Dane-se. Vem um quilinho todo mês. Pô! Nós temos discernimento. Manda a grana que nós compramos o que nos apetece, na quantidade necessária. A justificativa é que o cidadão gasta todo o salário no boteco e não leva comida para casa. Assim, pelo menos a alimentação da família está garantida. Balela. Primeiro, a quantidade e a variedade nunca são adequadas. Uma família sem crianças recebe leite em pó, outra de desdentados, recebe rapadura. Segundo, o comércio paralelo de cestas básicas é muito maior do que se pensa. O (sem duvida, mau) cidadão, pega sua cestinha e dirige-se ao boteco mais próximo, onde a troca por bebidas com o (péssimo) comerciante. E isso acontece com o vale transporte, refeição, alimentação, etc, etc.etc. Tem até bancas de camelôs comercializando esses “ benefícios” em plena rua!!!!

Dá a grana pro peão. Se ele quiser jogar no bicho, se afogar num oceano de cachaça, problema dele. Se ele vai trabalhar a pé, de ônibus, ou com uma Ferrari, a escolha é livre. Se ele vai comer no “sujinho”, no Dinho¨s Place(ainda existe?) ou levar a famosa marmitinha disfarçada de queijo(fiz muito isso)com ovo frito e arroz, é sua opção.

Assim também deveria ser no Congresso Nacional e em todas as câmaras, estaduais e municipais. Aumentem-se os salários desse povo todo. Vamos dizer, uns 200 mil por mês para cada senador, não seria um belo salário? Digamos 150 mil para o cargo de deputado não estaria bom? E com direito a um mês de férias por ano, mais Décimo terceiro salário, além do FGTS e atendimento de graça pelo SUS!!! Mas seria só. Nada de salário desemprego. Não foi re-eleito, dançou. Mas durante seu mandato, quer contratar 200 assessores? Pode. Mas tem que pagar do bolso. A esposa ou marido não gostou da decoração do gabinete? Vai na Daslu e manda trocar tudo. Do próprio bolso. Comeu uma tapioca? Maozão na carteira. Férias no Caribe? Ótimo. Parcele no seu cartão em até 10 vezes. Barbeiro, manicure, massagista? Manda bala, quantas vezes quiser, desde que seja às suas custas.

Nós, contribuintes, afinal continuaremos a pagar a conta, mas pode apostar, vai ficar muito mais barato.

Ou então, locupletemo-nos todos. Lula. Solta aí o “B....ão Corporativo” para nós, os demais 179.999.000 brasileiros que ainda não o tem. Aí, você poderá dizer, de boca cheia: “ Nunca antes neste país..........”

quarta-feira, 15 de abril de 2009

AS AVENTURAS DE PETER PAN

Pensei em mil nomes para este “post” .

Podia ser “ E o Vento Levou” ou “ Os Dez Mandamentos” “ A Tristeza do Jeca”, “ Os segredos de Nioka”, “ Indiana Jones”, “ Viagem ao Fundo do Mar”, “ A volta ao Mundo em Oitenta Dias” “ O Ladrão de Casacas” “ Os Brutos também Amam” ....

Podia ser também um nome de personagem, como Flash Gordon, O Fugitivo, Bat Masterson, Super Homem, e por que não? Até o Pica Pau, O Gordo ou o Magro, Carlitos, Ankito, Oscarito, Grande Otelo, Mazzaroppi,.

Todos esses filmes e personagens, além de milhares de outros, com certeza, ontem, 14 de abril de 2009, fizeram uma escala aqui em São Roque, exatamente às 8:15 hs, para acompanhar a passagem daquele que, durante tantos anos, soube captar e transmitir para tantas gerações, a magia da arte que ele mais amava: o cinema.

Entre tantos filmes e personagens, optei por um personagem de teatro criado por James Matthew Barrie, que posteriormente virou livro, e mais adiante filme nas mãos do ícone da cinematografia infantil mundial, Walt Disney: AS AVENTURAS DE PETER PAN.

Porquê? Por que poucos Homens, com H maiúsculo, principalmente no sentido do caráter, souberam e foram tão meninos por tanto tempo como ele. É. Ele foi um menino sonhador durante 98 anos! E seus sonhos, acreditem, se realizaram!!!!! Ele os realizou. E ele soube e sempre fez questão de reparti-los, conosco, com nossos pais com nossos filhos e com toda São Roque. Acho que nunca conheci uma pessoa que amasse mais sua terra do que ele. Esta minha amada cidade não tem nem idéia da dívida que tem com ele.

Por obra do destino, coube a mim, que tanto o amava, fazer uma das escolhas definitivas. Não foi nada agradável. Desculpe por ter chorado.

Céu.

Se o há, hoje deve estar em festas, com produção de Walt Disney, assessorado por Zé Roque ou, vice e versa, que é mais provável.

A direção de Orson Welles , Roque Bastos na direção de fotografia e fundo musical a cargo de Glenn Miller, Oduvaldo e Ednelson e como continuista, a nossa querida Jô, com sua memória de elefante.

Valeu Tio Vasco. FORMIDÁVEL!!!!!!!!!!!

domingo, 5 de abril de 2009

APELIDOS

No último “post”, comentei sobre minha “simpatia” pelo meu nome. Até comentei que “Maria Aparecida” e “Maria Célia” viraram “Maricy” e Maracelha”, respectivamente. Roberto ficou Roberto e Ruy, Ruy ficou, mas “ José Manoel” mudou para “ Niney” . Obrigado, Maricy ( a autora). Não sei ( nem ela) a origem nem a época exata, mas o apelido “ pegou”, para minha sorte.

Confessei não gostar do meu nome, mas em contrapartida, gosto do apelido, Niney.

Aliás, durante por mais de 50 anos, sempre acreditei ser o único Niney do mundo. Até o advento da Internet, com o conseqüente Google. Lá consta “aproximadamente 170.000 referencias para Niney”. Mas não sou eu, não. É um tal de “Observer”, cantor e produtor musical de Reggae, jamaicano, nascido “George Boswel” na cidade de Montego Bay e que posteriormente, mudou o nome para “ Winston Holness”e adotou o apelido “ Niney”.( Será que George Boswel ou Winston Holnes querem dizer José Manoel em “ jamaicanês”?) Não tive paciência de procurar nas 170.000 referencias alguma que seja a respeito do Niney sanroquense, que amava os Beatles e os Rolling Stones, além do Chico Buarque, Tom, Vinicius, Caetano e até gostava do Bob Marley. Mas devem ser mais ou menos, aproximadamente UMA referencia. Tá legal, reconheço, o “outro” é mais famoso que eu.

Não satisfeito, fui às pesquisas. Quem é Niney a mais tempo?

Primeiro passo: Wikipedia, onde consta que ele, além das informações acima, nasceu em 1951. Eu também!! Eu também !!!Temos a mesma idade!!! Só que ele, apressadinho, veio à luz dia 26 de abril, quase no mesmo dia que Lena, 23 dias antes que o garboso mancebo que vos digita, desse o ar da sua graça. Ponto para ele. É mais velho que eu.

Consta também que ganhou o apelido “Niney” depois de perder um dedo num acidente, numa oficina em que trabalhava ( Meu Deus, seria o Lula rastafari?Acho que não, ele pelo menos continua trabalhando com suas musicas, enquanto nosso amado guru .....Deixa pra lá)

Bom, mas espera aí.

O fato dele ter mudado tantas vezes de nome, e de ter ganho o apelido após ter perdido o dedo(O que tem a ver o .... com as calças? Sei lá, mas esse é o motivo explicitado na biografia dele. Acabei de conferir: eu tenho dez dedos nas mãos e meu apelido não é “Ten Y” é sim “ Nine Y”) comprova definitivamente que eu sou Niney a mais tempo. Eu ganhei o apelido com menos de um ano de idade. Não acredito que o xará tenha ido trabalhar numa oficina vestindo fraldas e com uma chupeta na boca. Eu, com essa idade, só me preocupava em sujar as tais de fraldas( feitas de saco de farinha) e chupar um bico vermelho de borracha numa garrafa de guaraná, que fazia as vezes de mamadeira. Não tinha tempo de ir a uma oficina, e ficar perdendo dedo numa máquina qualquer.

Acabei de reconferir no Google. Em pesquisa avançada, a expressão “ blog do Niney” tem, por enquanto, 15 referencias. Quer dizer que o “ Observer”( o que será que ele observa tanto?) na realidade tem aproximadamente“só” 169.985 referencias. Um dia chego lá .Haja marijuana !!!!

quarta-feira, 1 de abril de 2009

NOMES

Confesso, não gosto do meu nome. Nunca gostei. Apesar de saber que, não fosse a compulsão da minha mãe em ter um filho com os nomes dos dois avos paternos, (José, o Português e Manoel, o Brasileiro) eu nem existiria. Gozada essa sensação, nunca ter existido! Quanta coisa seria diferente! Eu não teria dado os desgostos que sem duvida dei aos amigos e parentes, mas por outro lado não teria dado as alegrias, por poucas que tenham sido, aos mesmos amigos e parentes.

E Lena? O que seria dela sem os nossos filhos, a quem amamos tanto? Quem estaria afagando e mimando o Boni, nosso companheirão de quatro patas?

Deixa pra lá. Eu nasci e existo, logo, acho que às vezes até penso!!!

Mas vamos ao assunto : Conforme falei acima, conta a lenda, que minha mãe queria por que queria ter um filho chamado José Manoel, pelos motivos também expostos acima. Fora a Fabíola, irmã que infelizmente não conheci, pois foi embora ainda criança, ainda nasceram duas robustas, fofas e simpáticas meninas, que por motivos óbvios não poderiam se chamar José, nem Manoel e muito menos José Manoel. Foram devidamente batizadas de Maria Aparecida e Maria Célia. Por obra do destino, uma virou Maricy, a outra Maracelha. Aí, veio o primeiro rebento. Meu pai foi ao cartório e apesar das súplicas de minha mãe, sei lá porque, cravou “Roberto”. Acho que naquela época, o homem da casa ainda mandava um pouco e ele não gostava do famoso “José Manoel”. E Roberto ficou.

Resultado: surge mais um varão. Mais súplicas da minha mãe. Como meu pai não mandava tanto assim, e tirando a dúvida sobre ele gostar ou não do nome sugerido, ele usou a criatividade, aliás no que ele era pródigo, e registrou Ruy JOSMAN!!! JOS de José e MAN de Manoel, com direito a “ene” e tudo. Eureka! Problema resolvido! Resolvido? Que nada!. Com sua perseverança, Dona Célia não aceitou a solução. E eu acabei sendo elaborado e vim à luz.”Seu” Ruybarbosa, dando provas de sua reconhecida inteligência, deve ter ponderado sobre as conseqüências de me registrar com um nome diferente, o que poderia contribuir para o aumento da população mundial, prudente e resignadamente, para não ter erro, soletrou, professoral como sempre, para o cartorário :travessão, parágrafo : JÓTA Ô ÉSSE É “espaço” EME A ENE Ô ELE. E José Manoel fiquei. E José Manoel sou. E José Manoel ficarei.

Gozado o conceito de “não-existência”. Quer dizer que se eu me chamasse, por exemplo, “João”, poderia haver um outro “José Manoel”. Segundo a lenda, é provável. Dona Célia não iria arrefecer!

Tenho certeza que, mesmo não gostando do nome dele, o amaria, assim como amo a Fabíola, a quem também não conheci, assim como amo a todos os personagens que mencionei, e sem os quais, sinceramente, não seria ninguém. Nem mesmo um ZÉ MANÉ.

segunda-feira, 16 de março de 2009

DUAS MENINAS

Menina do Rio,

Que a sorte sorriu,

Que é linda e se veste bem.

Tem bola, peteca, patim, tem boneca

É a menina bem.

Tem aulas de piano

E no fim do ano,

Recebe Papai Noel

Mas ela não viu,

Pois lá nunca subiu,

Uma que nada tem,

Não tem

Menina,

Cara suja de favela,

Maltrapilha magricela,

Queres descer.

Lá embaixo,

Ver as coisas tão bonitas,

Na boneca ela acredita,

Que ainda vai ter.

E pede

Ao homenzarrão barbado

No cimo do Corcovado

Sua mão pra ela descer

Tens tudo,

Diz o Cristo em tom macio

Estás entre mim e o Rio

Perto de Deus,

Perto do céu.....

Perto de Deus,

Perto do Céu......

Esta é a minha homenagem a um dos maiores artistas sanroquenses e que me deu a imensa honra de poder ser seu contemporâneo e compartilhar um pouco do seu convívio e desfrutar a sua genialidade, e de ser seu primo, não de sangue, mas, talvez mais importante, por afinidade.

Edynelson Franco. Autodidata, foi um jogador de futebol acima da média, desenhista, ilustrou capas de diversos livros, produziu diversos cartazes para o Cine São José, pianista, violonista e excelente papo.

Até como ator, ele deu seus “pitacos”, atuando no teatro amador e até no cinema!!!( vide “Balas Encravadas”)

Como compositor, criou dezenas de músicas, uma das quais reproduzo a letra acima ( é bom frisar, de memória, portanto, desculpem as eventuais falhas e agradeço as prováveis correções)

Essa veia musical, a meu ver, era a que ele mais curtia.

Ele foi embora cedo.

Mas deixou outras pérolas, como “Primavera” , “Guerra e Paz” , “Iemanjá”, etc...

Assim como ele, outros grandes artistas sanroquenses, como Chumbinho, Crescenzi, João Luiz, Juvenal do Trombone,Roberto Godinho,Roque Fernandes, Tadeo Gallo, Serde, Roberto R.Lopes, Marines, Toninho Poeta, criaram e apresentaram grandes músicas nos festivais sanroquenses. Até eu, “cometi” algumas músicas. Paulo Cesar Pinheiro, indiretamente, concorreu com uma música, num desses festivais. Mas acho que nem ele mesmo sabe, ou lembra disso. Tivemos como palcos o GUS ( onde hoje é a matriz do Supermercado São Roque) o Colégio São José e o próprio Cine São José, completamente lotado, para assistir Paída, Maria Amélia. Zé Irineu, Iberê e Oduvaldo R.Lopes, Chico Paco, Banha, Zé Gastão, Paulinho Cabeção etc. detonando canções românticas, de protesto, sambas, etc. com o apoio inestimável do grande maestro Borba.

Das músicas sanroquenses, tenho algumas poucas letras, umas integrais, outras parciais. Seria interessante se alguém tivesse algumas anotações, e pudéssemos criar uma coletânea, a mais abrangente possível, antes que todas elas se percam e com elas a lembrança de toda uma época. Estou à disposição para levar essa tarefa adiante.

Niney