sábado, 14 de fevereiro de 2009

QUERERES

Eu queria, que,

Os Dez Mandamentos fossem um só:

Praticar o bem, sempre.

Que as regras de trânsito fossem uma só:

Usar o Bom senso, sempre.

Que as plataformas dos políticos e dos partidos, fossem uma só:

Primar e zelar pelo bem estar de todos, sempre.

Que as emissoras de TV tivessem um só objetivo:

Transmitir informações, entretenimento e cultura, sempre.

Que, no esporte, quem tivesse mais talento e tenha se dedicado mais,

Vencesse sempre.

Que na Justiça, a verdade prevalecesse, sempre.

Que no embate entre o amor e o ódio,

O amor sobrevivesse, sempre.

E que na Humanidade,

O verbete “guerra” fosse riscado definitivamente do dicionário.

Uma só raça houvesse.

Um só credo existisse.

Uma língua só se falasse.

Que a palavra fome e sede, só significassem “vontade de comer” e “vontade de beber” e não uma condição permanente de milhões de pessoas, principalmente crianças.

Que se abolissem todas as fronteiras de países. A única fronteira admissível seria o infinito.

E que a razão convivesse em harmonia com a emoção, sempre.

Seria pedir muito?

Pode ser, mas é o que eu peço, e continuarei pedindo, sempre....

Niney

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

CALMA, QUE O LEÃO É MANSO. Ou pelo menos deveria ser!

Fevereiro. Carnaval chegando, o IPVA já chegou, daqui a pouco chega o IPTU. Como diz o Macaco Simão, a árvore nacional só podia ser mesmo o IPÊ . Sem esquecer o IPI nosso de cada dia, daqui a pouco, todo mundo começa a revirar as gavetas atrás de recibos de médicos, dentistas, Notas Fiscais de Laboratórios, Planos de Saúde, etc... para o ajuste anual do Imposto de Renda. Aí começa a hIPErtensão(putz, desculpem, não resisti). Falta o CPF do médico, o CNPJ da clínica não é válido, sumiu o recibo do dentista, etc. etc.

Os assalariados, aposentados, pensionistas, nem que quiséssemos, conseguiriamos sonegar, pois o leão, além de não ser manso, é astuto, matreiro, cheio de artimanhas, e cobra-nos antecipadamente sua parte. Sem dúvida, o símbolo do IR deveria ser um cruzamento de Leão com raposa. Lerosa é muito meigo. O mais correto seria Rapão. Ele adora “rapelar” os outros. Se pagamos a mais, talvez consigamos receber de volta no ano seguinte. Perdeu o recibo? A clínica fechou? O médico morreu ou mudou-se? Dane-se. Essa grana já era. E depois de um ano, você já nem se lembra mais.

Todos sabem que o Brasil é referência mundial em tecnologia de arrecadação. Sim, temos o melhor sistema de declaração de imposto de renda do mundo!!! Este ano, a previsão é de que 25 milhões de declarações, tanto pessoa física quanto jurídica, sejam recebidas, processadas e triadas pela Internet entre março e abril! É uma tecnologia de fazer inveja a qualquer país de 1º. Mundo !!

A pergunta é a seguinte: porque a receita federal não disponibiliza em janeiro de cada ano a esses milhões de contribuintes um, digamos, pré programa do ajuste anual, onde cada contribuinte faria seus lançamentos mensalmente ( salário, IR na fonte, INSS, aluguel, médicos,dentistas,etc) inclusive com a verificação de pendências, acompanhando seu próprio imposto o ano todo e resolvendo os virtuais erros imediatamente,não esperando a época de declaração, no ano seguinte, para correr atrás desses dados faltantes ou conflitantes?Na época de ajuste, seria só fazer a migração de todos esses dados para a declaração definitiva na época apropriada e pronto, enviar pela Internet. Mas, sempre tem um mas....

Aumentaria a devolução do IR, principalmente às Pessoas Físicas que não contam com um suporte técnico durante o ano todo. Ou seja, nós, assalariados, pensionistas, aposentados etc. que, parafraseando nosso amado guru e líder, “nunca neste país, pagamos tanto imposto como agora”.

Conseqüentemente, diminuiria a arrecadação federal. Ah! então, esquece.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

A CUMPLICE

Quando comecei este blog, não tinha(e continuo não tendo) uma câmera à mão, como Glauber Rocha, mas tinha uma idéia na cabeça ( sem dúvida,imensamente mais modesta que a dele, Glauber):

A idéia era escrever sobre os problemas triviais de nossa cidade, de nossa região, e assim, quem sabe, ajudar a resolvê-los, ou pelo menos tentar trazê-los à luz de uma discussão saudável , pois, apesar de sabidos e notórios, são problemas só discutidos à boca pequena e sem muito alarido por parte de quem deveria tomar essa iniciativa.

Antes da primeira postagem, pedi uma opinião daquela que está comigo há quase 40 anos. Não por obrigação, mas por gratidão. Afinal, nesses anos todos, nós dois erramos muito. Sempre juntos. Quando casamos, para a época tínhamos acabado de sair da adolescência. Mas estávamos juntos. As porradas que a vida, infelizmente, parece sempre disposta a distribuir aos borbotões, em cascata, e cada uma, do nosso ponto de vista, mais cruel, mais injusta, mais definitiva do que a anterior, encaramos a todas elas, sempre juntos. Brigas?Divergências? Putz. Mil! Acho que até milhões! Mas, JUNTOS estávamos e JUNTOS continuamos! Eu nunca tenho razão, do ponto de vista dela. Ela também nunca tem razão do meu ponto de vista. No fim, talvez nós nunca tenhamos razão, do ponto de vista do resto do planeta. Mas o que importa é que estamos e sempre estaremos juntos. Apesar de tudo, nós dois, reconhecidamente frágeis e pequenos, conseguimos conquistas imensamente superiores a todos os nossos erros. Temos nossos parentes. Nossos amigos. Nosso cachorro, a quem amamos. Temos nossos dois filhos, que são as obras primas que deixaremos como legado para a humanidade. Enfim, “dando os tramitus por findus”, valeu a pena. Lena, te amo,

Niney

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

CRENÇA - 06/02/2009 Como todo mortal que tem um endereço eletrônico, recebo diariamente vários e-mails com orações, motivações, estórias de guerra ou violência nas quais os personagens são crianças ou idosos, correntes para serem repassadas sob o risco de alguma desgraça pairando sobre minha cabeça, todas com lindas palavras e imagens mais bonitas ainda, de lugares onde nunca estive e nem tenho mais esperança de um dia estar. Após ler essas mensagens, normalmente me ocorre um pensamento: O que fazem as pessoas que crêem, após sair do culto, missa, sessão, ou qualquer outra denominação?Ao sair do centro, capela, mesquita ou catedral, após receber o passe, a hóstia, confessar, ou deixar o dízimo, essas pessoas se sentem com o dever cumprido? Se sentem quites com o Criador? Acham que pregar a palavra de Deus, Jeová, Buda ou Alá é suficiente? O que essas pessoas fazem nos intervalos? Cuidam dos enfermos, das crianças, dos idosos? Provêem seus funcionários de no mínimo, condições dignas de vida? Ajudam um vizinho que está desempregado? Como na política, na religião também não existe almoço grátis. Ou você acredita que, se eu entrar para a igreja da bispa Sônia (aquela mesma, que está em prisão domiciliar nos EUA e com ordem de prisão no Brasil, junto com seu marido, também autoproclamado Bispo e por coincidência dono dessa igreja), mesmo entregando 10% da minha mísera aposentadoria terei a mesma atenção do que, por exemplo, o Kaká, cujo dízimo mensal é muito mais que anos de minha aposentadoria integral? Se eu tivesse ido todos os dias da minha vida à igreja, o Papa me receberia em audiência no Vaticano? Se eu, dentro de minhas posses, ofertasse um tablete de caldo de galinha na encruzilhada, receberia a mesma atenção que os orixás dedicariam a um fazendeiro, que entregou várias cabeças de gado ao pai de santo? Não, eu não posso acreditar que as minhas posses materiais influirão proporcionalmente numa eventual recompensa futura. Menos ainda, posso concordar com o comportamento daqueles que se dizem representantes de um Ser Superior, mas agem de maneira tão inferior, tão mesquinha, completamente o oposto do que pregam, com pastores gananciosos, charlatães fazendo trabalhos, desde que bem remunerados, enganando, principalmente os mais desvalidos, os mais humildes, justamente os mais precisados, sugando-os, extraindo o máximo possível de uma vida, a maioria das vezes já miserável e sacrificada. Nos anos 50/60, era comum a “venda” por estelionatários, do Bondinho do Pão de Açúcar, do Viaduto do Chá ou mesmo, de bondes aos crédulos. Eles tinham belas palavras e, principalmente, como se dizia na época, “lábia” para ludibriar, extorquir, enganar os pobres “caipirasrecém chegados à cidade grande. Imagine os argumentos de um padre pedófilo, com a bagagem cultural e intelectual que recebeu durante anos de estudo, a um seminarista adolescente. Sinceramente, me revolto. É covardia. É indigno. Depois, como se nada tivesse acontecido, reza uma missa, oferta a hóstia, ouve uma confissão e arbitra um castigo para o pecador! Com que moral??? E a Santa Sé ainda o protege, fazendo um acordo de BILHÕES DE DOLARES com a justiça, para que tudo continue como está. De onde vieram esses Bilhões ? Eu sei. Você também sabe. Por paradoxal que possa parecer, eu não oro, mas creio. Creio que este é o único mundo que nós temos e para que ele seja melhor para todos os seus atuais e eventuais habitantes, racionais ou irracionais, precisamos todos nós, de menos oração e mais ação. Menos seminários e ostentação e mais orientação. Menos templos e mesquitas, verdadeiros palácios, tão suntuosos quanto inúteis e mais moradias. Menos romarias e retiros espirituais e mais dedicação aos desfavorecidos. Mais comida. Mais água. E mais dignidade. As mensagens eletrônicas, pregações, cultos, missas, sessões, sempre tem como objetivo a lembrança de um Ser Superior a quem temos que louvar, para termos uma vida num plano superior após nossa morte, seja o céu para os cristãos, ou as mil virgens para os mulçumanos. Então, que seja louvado. Que venha o céu! Que venham as mil virgens! Mas, o que eu gostaria mesmo é que Ele escolhesse melhor seus representantes aqui no nosso efêmero, desgastado e aviltado mundinho. Daí, talvez um dia, eu até orasse. Niney

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

QUESTÃO DE ESTILO

Contexto, anos 70

“Presidente”:General Emilio Garrastazu Médici ( 1969 – 1974)

De tão violento, esses anos, em contraposição aos“Anos Dourados” foram considerados os “ Anos de Chumbo”. Censura geral em jornais, revistas, músicas, teatro, etc. Guerrilha no Araguaia. Época do DOI- Codi ( Destacamento de Operações e Informações ao Centro de Informações de Defesa Interna) Veja que singelo.. O Codi, já não era flor que se cheirasse. Imagine o que o DOI informava ao Codi, e pior, como o tal de DOI operava!!!!!.Infelizmente, acreditem, foi muito DOIdo para muita gente boa.

Recomendação: entre no You Tube e procure Phono 73 , um festival de MPB que aconteceu no Anhembi- SP em maio de 1973, num palco mais ou menos improvisado e com a platéia toda de pé ( Eu, Lena e mais um monte de Shoolacks ( qualquer dia eu explico quem éramos nós , os shoolacks) assistimos além de Chico Buarque e Gil censurados ( Cálice), Elis, a Regina, Vinicius, o poeta maior da nossa música, Toquinho, parceiro novo, Gal,legal, Bethânia, com sua interpretação inigualável, Nara Leão,musa até hoje dos apreciadores da Bossa Nova, Raul Seixas, maluquissimo e belezissimo como sempre , Jorge Ben, ainda não Benjor, mas com seu balanço inconfundível e inimitável, Caetano, extrapolando musica por todos os seus poros, e outros não menos importantes, mas que meus neurônios ( o Tico e o Teco) se recusam a lembrar.

Nem tudo é beleza.Nem tudo é tristeza.

Brasil : Tri campeão do mundo, com Pelé, Gerson, Rivelino, Jairzinho ..... e, claro, Dada Maravilha, selecionado por imposição do Generalíssimo Presidente. Ou Presidentíssimo General. Ou, pra não ter erro, Presidentíssimo Generalíssimo.

Enquanto isso, aqui na nossa terrinha, um grupo de jovens(Creiam. Nós também já o fomos) resolveu agitar a cultura. Resolvemos criar um jornal. E Gremistas que éramos e somos, levamos a proposta à diretoria do GUS, que topou a parada , com 3 ressalvas :

1: “Que o jornal fosse focado para o esporte e cultura. Esse é o objetivo do GUS”. Isso é fácil, dissemos.

2: “Que o jornal se sustentasse sozinho”. Ou seja : Neca de grana. Opa! Complicou um pouco, mas vamos pra luta.

3: “Política, nem pensar”. Aí complicou de vez. Mas, vamos em frente. Podemos “pegar leve”.

“E em quarto lugar” ... Epa, não eram três ressalvas??? Eram.

Mas o quarto lugar não era uma ressalva. Era um desafio. O GUS já havia editado um jornal que se chamava “O GALO” (símbolo do GUS), que teve uma vida efêmera. O desafio era fazer um jornal com mais edições do que aquelas que eles tinham conseguido.

Hoje, o Tico e o Teco ( meus), já entrados nos anos, falham e eu não consigo lembrar exatamente os números, mas eu sei que topamos e, com o mesmo nome( O GALO) conseguimos vencer o desafio, editando e entregando os doze exemplares para os crédulos(coitados!) a quem conseguimos vender a publicidade e a assinatura anual (embora tenha demorado quase dois anos).

Todas as edições eram focadas no esporte e na cultura. Política? Bem, tinha uma pimentinha aqui, outra ali, mas, felizmente passaram despercebidas dos dobermans do DOI- Codi. Só levamos algumas broncas da Diretoria do GUS.

Sei que esse jornal, por mais modesto que tenha sido, foi importante para muita gente e muita mais gente ainda foi imprescindível para que ele tenha tido uma existência. Não vou citar todos os envolvidos na feitura desse jornal, primeiro porque o Tico e o Teco( de novo) estão de férias e em segundo lugar por causa do espaço.

Mas peço licença para citar um só, e tenho certeza que todos os demais irão entender.

Zé Roque. Num domingo, contrariando todos os seus procedimentos normais, as 10 horas da madrugada, me acordou no Ritz ( mais um “qualquer dia explico” : O que era o Ritz?).

Faltava o editorial para completar a próxima edição do GALO ( Julho de 1971) e ele queria que eu, que já tinha dado minha contribuição, escrevesse o tal do editorial, porque Chico Paco( acabei citando mais um, que também foi imprescindível) tinha que terminar a diagramação naquele dia.

Lógico, chiei, xinguei, mas não tinha jeito. O cara era teimoso e insistente.

Meio dormindo, como ultimo argumento, eu disse que ainda estava procurando o meu estilo para escrever. Que eu precisava de um tempo para me decidir ( na realidade eu queria dormir mais um pouco) .

Ele, bravo como sempre, arrancou minha coberta dizendo que eu deveria escrever o artigo no estilo “Niney” de escrever e ponto final. Pronto. Lá fui eu para a máquina de datilografia( mais um “qualquer dia eu explico” agora para os bem mais jovens : o que é uma máquina de datilografia?)

Bem, o editorial acabou saindo naquele mesmo domingo com o título “ Turismo- Realidade ou Sonho?” .

Quase 38 anos se passaram e até hoje não encontrei meu estilo. Mas, graças ao Tico e ao Teco jamais vou me esquecer do Zé Roque.

Niney