quinta-feira, 30 de setembro de 2010

UMA ESTORINHA MUITO DESINTERESSANTE É muito dificil começar o relato de um fato,ou acontecimento, que de antemão sabemos que não foi e nunca será interessante para ninguém, a não ser aos próprios personagens. Ainda mais com as limitações literárias, notórias e reconhecidas da minha parte. Mas sempre existe a esperança de que alguém, um espírito bom e com paciência, consiga entender a beleza da amizade sincera e verdadeira,com os fatos, que para variar, aconteceram a muitos, muitos anos atrás.(porque será que tudo que vou contar aconteceu em tempos remotos?será que estou ficando velho?) Não sei exatamente o ano, mas sei que foi de 1975 prá frente, pois a Brasília quase amarela(era bege) era desse ano, e cujas placas, curiosamente lembro perfeitamente(ZF-7005), também foi protagonista. Éramos três amigos, quase irmãos, reunidos ao lado da Igreja Matriz de S.Roque. A Igreja não tem nada a ver com a história, mas quem mandou construir a Matriz bem em frente ao Bio's Bar, né? Resumindo, a gente tava tomando todas no boteco,pronto! Entre uma Antarctica casco escuro e outra(naquele tempo, a Antarctica era a no. 1, principalmente se fosse casco escuro), comentei com meus dois amigos-quase-irmãos,que dali a alguns dias iria viajar a trabalho para a região de S.José do Rio Preto, Araçatuba, incluindo Ilha Solteira, cuja usina seria inaugurada em breve. Um dos meus interlocutores, como era do seu feitio, logo se assanhou, se oferecendo e já convidando o outro para irem juntos, pois enquanto eu estivesse suando para garantir o pão em minha casa e pagar a conta do Clemente do Bio's, eles poderiam ficar pescando!!! Lógico que a princípio, a inveja falou mais alto e não gostei da idéia, colocando um monte de obstáculo: Meu carro era um fusca ( também ano 1975, mas desse não lembro a placa) como iria acomodar 3 marmanjos mesmo que-quase-irmãos, mais nossa bagagem, além da barraca,da tralha de pesca e meus catálogos e mostruários? Afinal, era uma viagem de mais de 1.400 Km entre ida e volta. Foi aí que entrou em cena a famosa Brasilia-quase-amarela. A conversa foi indo,foi indo e acabou fondo. Num belo dia(licença poética, pois tava chovendo pra caraca) partimos para a viagem de negócios/lazer/turística/pescativa. Perto de Ilha Solteira, deixei-os, às margens mais ou menos plácidas da represa, com tralha e tudo, e profissional zeloso e consciente que sempre fui, parti bravamente para me desincumbir das minhas obrigações. O que eu não sabia era que, além de um excelente profissional, tinha mais uma virtude! Era rápido prá caramba! Pois não é que consegui em três dias executar todas as tarefas previstas para uma semana? Prefiro omitir o nome da empresa que trabalhava, senão corro o risco de que queiram me recontratar, depois de trinta e cinco anos. Ou cassar minha aposentadoria. Tá bão. Foi um pequeno escorregão, desculpem. Resumindo, no 3o. dia, eu já estava ajudando meus dois amigos a cumprirem o restante da agenda, a parte mais árdua,ou seja, lazer, turismo e pesca.(eles estavam precisando tanto de ajuda!!!) Um deles ( o assanhado) era aluno(há uns trinta anos, mais ou menos) da Unicamp e conseguiu com um professor, uma carta nos apresentando na obra da Usina, que apesar de não ter sido inaugurada ainda( estavam esperando um general, marechal, sei lá, apertar o botão on, que na realidade só toca uma buzina) já tinha algumas turbinas funcionando. O engenheiro que nos acompanhou( conhecemos toda a obra por dentro e por fora) comentou que as visitas ali eram raras por ser toda área considerada de extrema segurança nacional( tempos da tal de " página infeliz da nossa história" cantada por Chico), e que ele abriu uma exceção em deferência ao citado professor, e que dali a alguns dias, o exército assumiria toda a responsabilidade do complexo, impossibilitando qualquer tipo de visitas. Por falar em visitas, no ultimo dia do acampamento, parou um carro perto( desse também não lembro a placa. Nem que carro era. Nem a cor do baita eu lembro. Voces tão querendo muito também,né?) Lembro que desceu um senhor, com seu filho pequeno e mais um cidadão, que depois ficamos sabendo ser o capataz dele. Ele nos contou que viu a placa ( a famosa ZF 7005) da Brasilia(que já devia estar amarela de tão cansada), e nos contou ser devoto de São Roque, e vinha praticamente todos os anos para as Festas de Agosto. Papo vai, papo vem, nos contou que aquelas terras onde erigimos nossa modesta e provisória, porém digna morada, eram dele, e nos convidou a entrar e pescar na sede da fazenda. Ainda bem que naquela época não existiam os Sem Terra de hoje, senão seríamos recepcionados a bala. Meio ressabiados, acabamos fondo de novo. O cidadão que o acompanhava, que nessa altura já sabíamos ser o capataz da fazenda, nos levou de voadeira até uma casa de palafita, no meio da represa, onde passamos a noite pescando, literalmente da varanda. A bem da verdade, pescando é modo de falar, pois o ser mais próximo a um peixe que envarandamos( quando a gente pega um peixe e o coloca dentro do barco não dizemos que o embarcamos? Pois é. A gente estava numa varanda, logo....) foi uma piranha( umazinha só e de umas míseras 250 gramas, coitada) que um dos meus amigos-quase-irmão (não o assanhado, o outro) conseguiu fisgar(tivemos que aguentar ele se gabando por muito tempo.E pelos cálculos dele, pesava pelo menos um quilo). No dia seguinte, o plano era sair bem cedo pois tínhamos um casamento para assistir em São Roque.E para complicar, um dos meus amigos-quase irmãos( o assanhado) era simplesmente o padrinho. Mas, chegando na sede da fazenda, banho tomado, café típico de fazenda, com mirs coisas na mesa, o convite para o almoço. Entre os argumentos que nos impediram de recusar , além do tatú que tinha sido caçado especialmente para nós ( espero que a Marina SIlva não siga meu blog) estava o da desfeita.Não podíamos magoar nosso anfitrião. Regua de cálculo na mão, mapas, trajetos e outros planejamentos, aceitamos o convite, desde que num horário compatível com a nossa volta a tempo. Interesses de ambas as partes satisfeitos, trato feito,tatús devidamente devorados(acho que naquela época e região, talvez nem fosse crime hediondo e inafiançável a caça ao simpático mamífero de armadura), pusemos em pratica a logística da volta, com um rodízio de motoristas, em turnos de 2 horas cada um dos três, só com paradas para abastecimento( e como bebia a tal de Brasilia, meu!!! Cacete!!!) Enfim, vencemos os mais de 600 km que nos separavam do Bio's Bar, ops, quero dizer, da Igreja Matriz de São Roque a tempo de assistir ao casório. Vale dizer que naquela época as estradas não tinham pedágios, mas em compensação eram ruins que nem uma disgrama. Mas a Brasilia aguentou o tranco. Como o próprio título diz, sei que esta é uma estória desinteressante, a não ser para os seus personagens que vivenciaram essa pequena aventura. Como dois dos meus amigos-quase-irmãos resolveram partir, e eu não quis que a importância dela ficasse restrita somente a mim, resolvi pelo menos dedicá-la a algumas pessoas: Ao Caco, Zé Du e Celso, filhos do amigo não tão assanhado assim. Ao Alberto, filho do próprio assanhado. E ao Gustavo e Guilherme, filhos do operário padrão, não fosse uma pequena nódoa em seu currículo, que neste momento vos digita. Não sei ao certo, mas acho que talvez só o Caco já tivesse nascido naquela época, mas acompanhei o crescimento de todos eles e me sinto recompensado ao ver que hoje, todos homens formados, continuam simplesmente AMIGOS, como seus pais o fomos por tanto tempo. Um agradecimento especial à Cida, Solange e Lena, que, não sei como, sempre(ou quase sempre) nos aturaram,e sem a paciência das quais, este filme jamais teria sido realizado. E nem essa amizade teria se consolidado. THE END

domingo, 26 de setembro de 2010

Minha casa,lugar que não poderia deixar de ser, amo, 26 de setembro de 2.010, 04:00 hs. Agora a pouco, vivi um dos melhores dias da minha vida. Pensando bem, agora a pouco, estou vivendo um dos meus melhores anos da minha vida. Agora a pouco, eu era um menino ramelento, pés descalços, chutando bolas de meia no meio da rua. Agora a pouco, eu era um pivete brincando de policia e ladrão. Agora a pouco, eu era um aluno mais ou menos médio, tentando entender a lição. Agora a pouco, me tornei jovem, comecei a construir meus sonhos. Agora a pouco, encontrei a mulher que amo e que me ensinou a realizar esses sonhos. Agora a pouco, me tornei pai. Duas vezes. Pouco a pouco, eles cresceram. Parece que foi agora a pouco. Mas pelo tanto que me acrescentaram, tenho certeza que fico em débito com eles. Obrigado Gustavo, pela Bruna e pelo Felipe.(sem esquecer o Chubaquinha) Obrigado Guilherme, pela Eliana( a Giovanna e o Tobi também, lógico) Obrigado aos dois, por terem entendido a mensagem que eu e sua mãe, sempre tentamos transmitir a vocês. Agora a pouco, tomei consciencia, que não fomos nós, eu e Lena que inventamos essa, digamos, filosofia, do nada. Nem os pais da Bruna, nem os pais da Eliana. Nós todos , na realidade, só tentamos assimilar aquilo que aprendemos com nossos pais. E que tenho cereza voces transmitirão aos nossos netos.