quarta-feira, 20 de maio de 2009

EU NASCI, HÁ 58 ANOS ATRÁS É, parece que foi ontem. Aliás, foi ontem mesmo. Só que passaram-se 58 anos desde então. E não tem nada neste mundo que eu não saiba demais. Ou de menos. Melhor ainda, eu não sei é nada. O pouco que sei, são lembranças, de quando, impúbere,( oba! Outra palavra rara de se usar) não via a hora de chegar aos 18 anos. Ah! Carteira de motorista, filmes pornôs, liberdade! Liberdade! Abre as asas sobre nós, mesmo que menores de idade. Acompanhar os irmãos e amigos mais velhos nos bailes da vida, ainda que em troca de pão. E não é que essa hora chegou? Chegou, “libertas quae será tamem”. Vieram os filmes proibidos, os bares da vida. Até a carteira de motorista, embora essa tenha demorado um pouquinho mais. E junto com os bonus, rapidinho, chegaram os ônus. Ce pediu? Guenta!!! Mas ta bom também. Agora com 58, não vejo a hora de fazer 60!! É verdade!. O sonhos e objetivos são diferentes, mas só quem é dessa faixa etária sabe como é duro “vagar nesse limbo da idade”. Por exemplo, a devolução do I.Renda. Quem tem mais de 60 recebe no primeiro lote.Nós não. Filas em Bancos, supermercados, repartições públicas, lojas,etc. Atendimento preferencial p/ quem tem mais de 60.Nós, filas comuns. Ônibus, não precisa pagar, desde que com mais de 60. Tem até um estatuto dos direitos do idoso! Legal. Eles merecem, pelo tanto que já fizeram pela humanidade. Por falar em estatuto, tem o do Menor e Adolescente. Legal também. A expectativa e esperança, é que façam mais ainda por essa mesma humanidade. Não pode ser preso(apesar de alguns até poderem votar). Tem direito à educação, alimentação, saúde, amparo do Estado( que,claro, nem sempre corresponde). As crianças desde zero ano tem campanhas de vacinação o ano inteiro, seja a tríplice,sarampo,catapora,BCG, etc. Após os 60 anos, de gripe. E nós, no meio de campo, não temos direito nem a uma injençãozinha grátis! E arrumar um emprego, então? “Suas qualificações estão muito acima do desejável”. É verdade! Nós não somos contratados por que temos muita experiência! Daqui a dois anos, pretendo pegar um ônibus sem pagar, furar a fila no Banco e no supermercado, dar uma passadinha no Posto de Saúde e ver qual vacina tenho direito a tomar. A menos que alguma autoridade institua o Estatuto do “Envelhescente”, com todos os direitos acima. Aí, eu perco a pressa.

domingo, 17 de maio de 2009

SOLIDARIEDADE Tenho acompanhado pelos noticiários da TV, o drama dos nortistas e nordestinos com as inundações que ainda estão ocorrendo e, segundo as previsões, vão continuar por pelo menos mais um mês. Casas inundadas, falta de água, plantações arruinadas, muitas mortes, milhares de desabrigados. Como toda tragédia, é triste ver como o ser humano é frágil diante dessas ocorrência naturais. Recentemente, essa mesma tragédia vitimou nossos irmãos de Santa Catarina. Não estou afirmando nada, mas, comparando, de memória, nossa solidariedade nas duas ocasiões, me parece que fomos mais solidários com os sulistas do que com os atuais flagelados. Não quero crer que o poder aquisitivo, tenha influenciado nas campanhas das TVs, rádios, jornais, ONGs, igrejas, etc. Mas que ocupam menos espaços na mídia, não tenho dúvida. Desta vez, não estou sabendo de nenhum posto de arrecadação aqui em São Roque, por exemplo. Na outra tragédia, eram vários e com divulgação eficiente. Também não quero crer que nossa solidariedade seja influenciada pela cor da pele, dos olhos ou dos cabelos. Seria muito decepcionante. Que, flagelados moradores de residências de alvenaria, com carros na garagem, mais “parecidos” conosco, sejam mais necessitados que os sem-carro, com casas de pau a pique. Seria injusto. Continuo não afirmando absolutamente nada, mas que fiquei com essa impressão, fiquei. E isso me incomoda muito. E a você?

quarta-feira, 13 de maio de 2009

ruaprofjoaquimdeoliveira

“Rua Prof Joaquim de Oliveira, 54. – Parte II

O Autódromo de Interlagos

Para nossa sorte, o Autódromo de Interlagos era ali, a uma quadra da nossa casa. Lamborguinis, Ferraris, Masseratis, Alfas, roncavam seus motores, tendo ao volante mitos como Fangio, Chico Landi, Piero Gancia, Bird Clemente.

A “pista” era a ladeira da Duque de Caxias, de paralelepípedo( oba! Eu prometi a mim mesmo, que antes de morrer, teria que usar essa palavra no meu blog! Veja só :

P A R A L E L E P I P E DO !!! Quase ocupou uma linha inteira!Bonita palavra, ? )

Os “bólidos” citados, nobres carrinhos de rolimã ( vocês não imaginam como era difícil arrumar um rolimãzinho naquela época, quando São Roque inteira devia ter meia dúzia de carros). Às vezes, descíamos a ladeira dentro de um pneu velho mesmo. Mas o que valia era a nossa fantasia. Nós estávamos em Interlagos, pilotando as máquinas possantes da nossa imaginação. Nós éramos os mitos famosos, que conhecíamos em preto e branco pelas telas do Cine São José, através dos noticiários do famoso Canal 100 ou do Jean Manzon, com semanas de atraso.

No fim da etapa automobilística, tome Iodo e Mercúrio cromo. E bronca pelos estragos no “uniforme”. Principalmente quando o freio principal falhava e éramos obrigados a usar o freio de emergência ( os sapatos ou Kédis de ir à missa e à escola, não necessariamente nessa ordem, as quais aliás, não frequentávamos tão assiduamente assim como vocês estão pensando).

Noitinha chegando, banhos (às vezes) e broncas(sempre) devidamente tomadas, tínhamos todos um compromisso sagrado, inadiável: Reunião na Praça da Apoteose. Eu não tinha contado que morávamos perto da Praça da Apoteose? Desculpe. Esqueci. Pois é. Hoje passo por ela, e sinto um aperto ao descobrir que assim como a ladeira da Rua Duque de Caxias deixou de ser o Autódromo de Interlagos, ela também retomou seu verdadeiro nome: Praça dos Expedicionários.

Ali, enquanto Praça da Apoteose, muitas ações cruciais foram decididas, muitos destinos foram traçados, muitos segredos foram revelados, o caráter de muita gente foi forjado.

A pauta de toda noite, apesar de única, gerava o maior tumulto:

“O que nós vamos fazer hoje?”

Essa era a pauta. Simples.

O problema eram as opções, inúmeras e polêmicas.

“Vamos fazer um torneio de Futebol aqui mesmo”

“Vamos brincar de Policia e Ladrão valendo a cidade inteira”

“Ta passando um filme legal”

“Que tal brincar de “mãe da rua” ou “passa anel”?

“Vamos roubar uva do Seu Salomão”!

“ Vamos $%## ¨ lá na &)(9++=-e depois @!1% é uma brasa, mora&¨_+== aí nós @!”¨&&&&(((_)))_+++++ legal pra caramba+++¨¨##+++ @@@ “ e voltamos logo em seguida”

(esta opção, a mais longa, eloquente e atrativa de todas, foi devidamente censurada, em respeito aos eventuais, mesmo que improváveis leitores pudicos, seguidores dos bons costumes sociais, temente às leis dos homens e dos ditames religiosos mais puros.)

Continua, talvez na próxima semana, talvez neste mesmo horário, talvez neste mesmo blog. Aguardem.

terça-feira, 12 de maio de 2009

RUA PROFESSOR JOAQUIM DE OLIVEIRA,54 – PARTE I Você conhece. Não? Deveria ter conhecido. Foi onde morei, e curti meus anos mágicos, aqueles, dos 8 aos 16. Faz muito tempo?Faz. Era bom? Sem duvida, era. Para se ter uma idéia, nós tínhamos, eu e meus irmãos, uma pista de patinação nas modalidades “meias” e “joelhos” dentro de casa!Era só esperar as irmãs encerarem a casa(Parquetina, manja?) e espalharem um monte de jornais para começar o esporte. Que se tornava mais radical ainda, quando as citadas irmãs corriam atrás de nós com a cinta. Isso sem falar no “Pacaembu”, a mesa de fórmica da cozinha, que entre uma refeição e outra, servia de palco para memoráveis partidas de futebol de botão, onde duelavam, entre outros, Poy, Del Vecchio, Pelé, Coutinho, Ademir da Guia, Benê, Gilmar, Laércio. Às vezes quebrava aquela hastezinha de metal dos goleiros, que imediatamente eram substituídos por estáticas, porém não menos nobres, caixinhas de fósforos, que até realizavam excelentes defesas. No nosso quintal, imagine, tínhamos um zoológico particular! Além de, claro, um cachorro de plantão. Diana, uma cadela que para nós era mais bonita que a Lassie, apesar de dividir nosso carinho e afeto com outra família(passava uma semana na nossa casa, outra na Rua Rosina de Oliveira). Acho que confundia os sobrenomes das ruas. Por falar em sobrenomes, outro peludo de 4 patas que nos marcou muito foi o Tisiu. Foi preso! Meliante! Desocupado! Um autêntico sem-coleira! Quede o PT? Ah, ainda não existia. Levado pela carrocinha! No nosso imaginário (ou na realidade,não sei) iria se transformar em sabão! Para nós, nessa época, o laçador da carrocinha era o pior malfeitor que existia. Pior que o Meneghetti, o Bandido da Luz Vermelha,o Lobo Mau,os irmãos Metralhas, o Chico Picadinho, Caryl Chessmann. Não existia coisa mais maléfica do que tirar um cachorrinho do convívio familiar e transforma-lo numa barra de sabão! Acho que ainda não existe. E lá se foi a comitiva, chorar na frente da Prefeitura ( que era ali na Praça da Matriz). Amigos,parentes,vizinhos, o time inteiro do Carambeí e demais curiosos. Roberto, meu irmão que além de mais velho, era mais chorão, assume a negociação: O fornecedor de matéria prima para sabão pergunta: “Qual o nome do seu cachorro?” Roberto , entre soluços ( cun cun cun cun) responde: “Tisiu Ribeiro Lopes” Não deu outra.O “cowboy” canino, chorando de rir, deu o “hábeas corpus” pro Tisiu sem cobrar a taxa. A Justiça é cega, mas às vezes, tem senso de humor. Essa estória não vai parar por aqui. “Prof. Joaquim de Oliveira,54- Parte II – O Autódromo” vem por aí.

Yeshua (ישוע)

O coração, mesmo artificial, não é imune às muitas aflições que nos devoram.

E, impunemente não vive dois milênios.

A flor, dardejando pelos ares encontra um corpo plástico.

Morre, e apodrece.

É seu destino.

Abre-se uma janela, procura-se uma luz.

O corpo busca o que estava escrito.

E escrito estava que voltaria.

E por escrito estava que voltaria, volta, encontrando a liberdade, de cimento feita, o sangue, ácido tornando-se.

A cruz, antes fosse de isopor, o espinho, se frágil fosse.

A lança dilacera, machuca, fere, macera, apesar de na ponta ter uma flor.

A liberdade, acaba sendo vã.

A flor, podre nasceu, sem nascer morreu.

A carne é plástica, elástica, mas ainda vive.

O corpo ama, sem amor.

Sofre sem dor.

Morre, quando nunca teve vida.