quarta-feira, 9 de março de 2011
RURILO
RURILO - Março/1912 - Novembro/1961
Meu irmão mandou-me um e-mail, lembrando que sábado passado, 05/03, nosso pai teria completado 99 anos, não tivesse resolvido nos deixar 50 anos atrás.
Anexo ao e-mail, dois versos escritos por ele, logo após ver a sua própria radiografia com a consciência que seu fim estava próximo, , e como salientou meu irmão,arrependido de alguns caminhos,mas demonstrando o carinho pela sua família.
A Grande Alameda
Ruybarbosa Ribeiro Lopes
No retrato leio o fiel da vida inteira
Refletida na minha própria caveira
A fuga da minha alma
Para a liberdade
É triste ter-se a própria radiografia
Que mostra a minha agonia
Na Alameda da Eternidade
De fato , no retrato que leio
Tudo é atroz , tudo é feio
Porém , no fundo tudo é verdade
Meu bom Humor diminui o sofrimento
Mas a natureza não vê esse sentimento
E continua seu caminho em sua finalidade
Maltratando o corpo quase inerme
Proliferando nele o germe
Da Alameda da Eternidade
Sei , sei que no mundo estou por pouco
Mas nem por isso ficarei louco
Levarei comigo sempre a saudade
De todos os meus entes queridos
E os meus últimos gemidos irão comigo
Para a Alameda da Eternidade....
Pés Quebrados
Ruybarbosa Ribeiro Lopes
No esplendor do meu cinqüentenário
Na qualidade de expedicionário
Com rumo para o cemitério
Levo comigo a imensa dor
Sofrendo com bom humor
Levando tudo ao meu critério
No altar da minha mocidade
Fiz , de moço , o que havia necessidade
Tudo era bom. O céu de um azul tão lindo
Sinto agora na alma a conseqüência
Daquela farta desinteligência
E mesmo assim , sofro sorrindo
Não admito e não creio em castigo
Assim como não acredito ter amigo
A casa , o lar é tão lindo
Meus amigos são meus filhos
Como das rodas , são os trilhos
Vou partir para o além,
Sempre ........... sorrindo
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